Drenar o corpo para evitar as cheias
Toques suaves e movimentos precisos são a base da drenagem
linfática manual, uma técnica que estimula as acções do sistema
linfático, sobretudo drenantes, relaxantes e analgésicas. É utilizada
para fins estéticos e como complemento de tratamentos médicos - é cada
vez mais procurada após cirurgias plásticas e no rescaldo de doença
oncológica em remissão.
Maria Sérgio gostava que as suas pernas
fossem mais finas e quando lhe falaram da drenagem linfática manual
sentiu-se tentada. Experimentou. "Durante a massagem pensei: o que é que
toques tão suaves podem fazer? Mas no final nem queria acreditar: as
minhas pernas ficaram cinco milímetros mais finas na zona do joelho, que
é a que me incomoda mais." O resultado agradou-lhe, mas o custo dos
tratamentos pesava no orçamento familiar (cada sessão custa, em média,
50 euros) e por isso não continuou. O volume das suas pernas voltou ao
normal.
"Quem faz a drenagem linfática manual (DLM) pela primeira
vez pode questionar-se sobre como é que esta técnica, que é feita
através de toques suaves e movimentos lentos e específicos, apresenta
tão bons resultados, mas quem experimenta os seus benefícios comprova a
sua eficácia", diz a linfoterapeuta Gabriela Lacerda, especialista em
pós-operatórios e formadora de DLM pelo método original Dr. Vodder, que
abriu recentemente, em Lisboa, o primeiro Centro de Linfoterapia em
Portugal.
A DLM é uma técnica de massagem que estimula o sistema
linfático, exercendo no organismo acções drenantes, relaxantes e
analgésicas. A sua utilização é vasta, sendo indicada para casos de
retenção de líquidos e inchaço, devido ao seu efeito descongestionante e
desintoxicante.
"É uma técnica muito eficaz mas que não é fácil
nem de ensinar nem de aprender. O importante é o gesto, a mão, a pressão
ser certa e o tempo de massagem", explica a linfoterapeuta. Gabriela
Lacerda utiliza o método original, criado por Emil Vodder nos anos de
1930 e que consta de cinco movimentos base, para além de diversas
combinações entre eles. Para a especialista, a maior dificuldade reside
na grande leveza de mãos que deve ser aplicada - quanto maior o edema (o
inchaço localizado), menor a pressão.
Daí que na DLM não seja
utilizado qualquer produto habitual nas massagens, como cremes ou óleos,
que exigem outro tipo de pressão. E como não é uma técnica estática,
exige formação contínua.
"Nós precisamos de água para a vida, mas o
excesso de água dificulta a comunicação", exemplifica Gabriela Lacerda.
"Se quisermos transportar esta imagem para o nosso corpo, as células
precisam de água para fazer a sua comunicação e o sistema linfático
evita, digamos assim, as cheias. Porque o que a drenagem linfática faz é
ajudar o sistema linfático a funcionar nas melhores condições."
Indicada
para as pessoas que sentem desconforto com pernas cansadas e inchadas, a
DLM pode prevenir edemas, varizes ou hematomas. É bastante utilizada na
redução de celulite e gordura, devido ao seu efeito adelgaçante, e é
especialmente recomendada para pós-operatórios e recuperação de
cirurgias de estéticas.
"Um dos maiores benefícios da DLM é tirar a
dor, daí a sua grande procura em casos de pós-cirurgias estéticas,
momento em que há dor e desconforto", diz a linfoterapeuta. Nos casos de
cirurgia estética, deve começar-se no dia seguinte à operação e durante
um período mínimo de dez dias. Gabriela Lacerda aconselha mesmo a fazer
algumas sessões antes da cirurgia, porque pode ajudar na recuperação
dos tecidos. Pelo efeito analgésico, a DLM ajuda também a minorar os
efeitos da enxaqueca e da dismenorreia (dores menstruais).
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