O Precursor
Dr. Emil Vodder nasceu em Copenhague - Dinamarca, em 20 de
fevereiro de 1896. Estudou línguas, história, sociologia, filosofia,
citologia e fisioterapia. Seus estudos na área de medicina foram
interrompidos devido ao padecimento por brucelose (febre de malta).
Cursou doutorado em filosofia, na Universidade de Bruxelas - Bélgica.
Mais tarde, se dedicou ao estudo das ciências biológicas, enfatizando a
importância do sistema linfático, periférico e profundo, considerando a
linfa como “fluido claro”; em seu registro mais geral, como um líquido
intra e extracelular, humoral (interstício), que está em todas as vias
linfáticas e em todos os gânglios...
No princípio dos anos trinta nasce
sua idéia de descobrir uma técnica manual para a saúde e publica suas
investigações teóricas e práticas em revistas de saúde, em Copenhague,
na Dinamarca. Dr. Emil e Estrid Vodder, sua esposa, cuja especialidade
era a Naturopatia, começaram a aplicar a Drenagem Linfática Manual em
seus pacientes, que apresentavam os gânglios linfáticos do pescoço
edemaciados, e que padeciam de enfermidades crônicas das vias aéreas
respiratórias superiores (sinusite, rinite, faringite...), com
resultados muito bons. O casal se dedicou a formar milhares de
instrutores do seu método em toda a Europa, transmitindo seus
conhecimentos. Segundo opiniões dos próprios alunos, “com grande
paciência e sempre com um caráter de humildade, mas, simultaneamente,
grande amor ao projetar os gestos peculiares que compõem sua técnica
única, para estimular o próprio sistema linfático com todas as suas
ações e reações explicáveis”. Entre os anos de 1950 e 1960 alcança o
cume do êxito de seu método e se organiza, formando equipes com médicos e
cientistas. Somente em 1984, em Copenhague - com 88 anos - recebe,
finalmente, o reconhecimento oficial da Delegação da União de
Fisioterapeutas Alemães - prêmio pela laboriosa dedicação de uma vida
inteira na investigação da Linfologia e o perfeccionismo de um método e
como descobridor de sua técnica manual, que desde então está
oficialmente aprovada. Em vários países é denominado com abreviaturas
diferentes: ML, MLD, DLM, DLMV e LMV.
Dr.Vodder faleceu, após um trágico acidente de automóvel, no dia
17 de fevereiro de 1986, em Copenhague, com quase 90 anos. Sua esposa,
Estrid Vodder, continuou sozinha com sua família e seu grande número de
alunos de todo o mundo, vindo a falecer em 1996.
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O que é Drenagem Linfática?
A drenagem linfática possui diversas aplicações no campo da
beleza. É um método de massagem altamente especializado, feito com
pressões suaves, lentas, intermitentes e relaxantes, que seguem o
trajeto do sistema linfático. Tem por objetivo aprimorar algumas de suas
funções, trazendo vários benefícios, como redução de edemas linfáticos,
inchaços pós-operatórios, linfedemas, celulite, retenção hídrica, acne,
entre outros problemas. Ao mesmo tempo proporciona a regeneração e a
defesa dos tecidos, aumentando a diurese e a eliminação de toxinas,
desenvolvendo o equilíbrio do organismo. Melhora as funções essenciais
do sistema circulatório linfático mediante manobras precisas que
acompanham os trajetos linfáticos, não sendo necessária a compressão dos
músculos. A principal finalidade é mobilizar a corrente de líquidos que
está dentro dos vasos linfáticos. Essa pressão leve e intermitente deve
ser realizada de forma rítmica e seguir sempre o sentido fisiológico da
drenagem da linfa.
A Circulação
O sistema circulatório é um circuito fechado formado por
artérias, veias, vasos linfáticos e coração. Nesse sistema o coração
funciona como uma “bomba” e a cada sístole ventricular (contração do
coração) impulsiona o sangue para a aorta, que então propaga o sangue
para o resto do corpo. O retorno desse sangue para o coração é feito
pelas veias (sistema venoso) com a ajuda do sistema linfático, que
transporta a linfa, que, por sua vez, tem o papel de reabsorver líquidos
e proteínas, completando assim todo o ciclo. Existe, portanto, o
sistema de irrigação, que é o arterial, e os dois sistemas de drenagem,
que são o venoso e o linfático.
A Linfa
A linfa difere do sangue, o sangue rico em oxigênio e
nutrientes, que vem pelos capilares arteriais, irá alimentar as células
do corpo. Os capilares arteriais liberam este plasma no interstício para
alimentar as células (onde é feito a troca de oxigênio e nutrientes por
gás carbônico e resíduos metabólicos), uma pequena parte do líquido
fica acumulada no interstício, pois a pressão dos capilares venosos é
mais alta que o interstício. Como o sistema linfático tem uma pressão
negativa em torno de –3mmhg, fazendo com que a haja uma pequena sucção;
que passa por dentro dos capilares linfáticos, recebe a denominação de
linfa, apresentando uma composição semelhante à do plasma sanguíneo. É
composta de uma combinação de proteínas, uréia, linfócitos e sais
minerais. O corpo humano tem mais de dez litros de linfa
(aproximadamente 16% do peso corporal).
Transporte
A via linfática tem grande importância no transporte de
proteínas de alto peso molecular dos tecidos para os vasos. Está no
centro dos intercâmbios fundamentais da vida celular e cumpre um papel
insubstituível no transporte de algumas substâncias pela circulação
capilar.
Ajuda a eliminar o excesso de líquidos e produtos que deixaram a
corrente sanguínea e interagiram com o meio local. Outra função
importante é a imunológica. A linfa inicial é “pobre” em células de
defesa e, durante seu trajeto pelos linfonodos (gânglios), é enriquecida
por células com função imunológica. Funciona como uma verdadeira
“lixeira” do organismo.
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Quando o sistema circulatório não cumpre
corretamente sua função, o corpo fica sobrecarregado por um excesso de
líquidos, que não consegue absorver. Na maioria dos casos, esse fenômeno
se traduz por sintomas como celulite ou retenção de líquidos, peso nas
pernas ou aparecimento de edema (inchaço), mais conhecido como
linfedema.
Benefícios da DLM
Pode melhorar alguns tipos de edema e auxilia como coadjuvante
no tratamento da celulite, já que melhora a drenagem da linfa e do
sistema circulatório em geral. É também indicada nas pós-cirurgias
estéticas, como lipoaspiração ou lipoescultura, acelerando a
recuperação, evitando a fibrose e amenizando o edema pós-cirúrgico.
Como é feita a DLM
A drenagem linfática é realizada à base de pressões com os dedos
ou as mãos de acordo com a zona do corpo. As manobras devem ser suaves e
superficiais com movimentos de deslizamento sobre o trajeto dos vasos
linfáticos e de compressão (bombeamento) na região dos linfonodos
(gânglios), como na região das axilas, do pescoço e inguinal (virilhas).
A pressão exercida deve seguir sempre o sentido fisiológico da
drenagem, ou seja, dos membros em direção ao tronco.
A maioria dos profissionais de estética utiliza a técnica de
drenagem linfática como coadjuvante no tratamento da acne, da LDG
(celulite), envelhecimento e edemas da pele, em rugas ou bolsas que
formam papadas (olhos), pernas pesadas e nos quadris. Pode ser utilizada
também no combate ao estresse e ao cansaço em geral. Mas, é sempre bom
lembrar e recomendar que a drenagem linfática com finalidade estética
deve ser praticada por profissionais com formação específica. Além
disso, a drenagem é apenas mais uma ferramenta nesses tipos de
tratamento.
Contra-Indicações
A principal contra-indicação da aplicação da drenagem linfática
manual é para o paciente com histórico de tumor (câncer), pois com esse
método poderíamos estar “disseminando” células cancerosas, e ainda para
pacientes na vigência de infecções e afecções cutâneas, como doenças de
pele, dermatoses, entre outras, a ser devidamente verificadas. É bom
ficar atento quando o quadro não melhora. Se o local fica ainda mais
inchado ou dolorido, é sinal de que a massagem não está sendo aplicada
corretamente ou não é indicada ao caso.
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A DLM de Alain Ganancia
Segundo Ganancia, para uma DLM eficaz é necessário primeiro
favorecer a reabsorção do líquido intersticial e as sobrecargas
líquidas, em primeiro lugar. Em segundo lugar, o objetivo é favorecer o
transporte deste líquido reabsorvido, nos ductos das vias de circulação
de retorno: venosas e linfáticas. Para que estas vias de retorno possam
conseguir abarcar o volume suplementar líquido das sobrecargas que a DLM
está lhes impondo, pela mediação dos intercâmbios tecidos-capilares
(pressões locais), será necessário facilitar e melhorar, em primeiro
lugar, o trânsito da quantidade de líquidos figurando já, dentro destas
mesmas vias. Caso contrário corresponderia em sobrecarregar alguns
vasos, que já tem muita dificuldade em assegurar seu próprio trânsito
circulatório, por estases ou bloqueios, que acabam aumentando as
infiltrações e sobrecargas, provocando mais estase e se estabelecendo um
círculo vicioso. Por esta razão, iniciaremos nosso tratamento por
manobras de facilitação de levantamento de bloqueio e de estase,
seguidas de manobras de drenagem proximalmente proximais de chamada. Com
a liberação das vias de retorno circulatório, poderemos executar as
manobras que facilitam as trocas de líquidos dos tecidos em direção aos
capilares (reabsorção), pela execução de pressões locais. As pressões
locais também são efetuadas de forma proximal, a fim de reforçar a
chamada e o bombeamento circulatório de retorno. Serão intercaladas uma
série de drenagens após cada pressão, com o objetivo de empurrar a
quantidade de líquido reabsorvido nos capilares. Estas drenagens
seguirão com precisão o percurso dos coletores linfáticos, até os
relevos ganglionares. Serão efetuados de baixo para cima, iniciando-se
sempre da região recém pressionada. Ao terminar a série de pressões
locais com as drenagens intercaladas, se iniciará uma série de drenagens
proximalmente proximais, venosas e linfáticas. Concluindo, empurraremos
de forma favorável e eficaz o caudal de retorno, inclusive as
sobrecargas e o volume de líquido intersticial reabsorvido.
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