Células Tronco no combate ao envelhecimento
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Os estudos que tratam do uso de células-tronco
adultas na medicina estética caminham a passos largos. Confira os
avanços da pesquisa que indicam a mais nova arma no combate ao
envelhecimento: você mesma!
O assunto está causando o maior alvoroço na
comunidade médica e nos vaidosos de plantão. Tanta animação tem
fundamento e aumentou depois que Roberto Chem, cirurgião plástico da
Santa Casa de Porto Alegre (RS) e professor da Faculdade de Medicina da
Universidade Ciências de Saúde (RS), apresentou um estudo sobre o uso
clínico das células-tronco adultas para disfarçar os inevitáveis sinais
do tempo. A pesquisa promete uma nova era em diversas especialidades,
dentre elas a cirurgia plástica reparadora. A salvação, pasme, pode vir
da gordura aspirada (e até então desprezada) durante a lipoaspiração,
pois ela possui em seu interior um grande número de tais células (as
adiposas derivadas). No experimento, elas foram isoladas - para
aproveitar sua pluripotencialidade, ou sua poderosa capacidade de
diferenciar-se em outros tecidos - e reinjetadas em pacientes com
lipodistrofia, patologia caracterizada por uma alteração no depósito ou
na distribuição de gordura em alguma região do corpo. As perspectivas
são animadoras e o resultado final semelhante a um enxerto ou a um
preenchimento, mas com material retirado do próprio paciente. A vantagem
é que na técnica convencional (injeção de gordura sem células-tronco)
ocorre atrofia e há necessidade de várias reaplicações. Com a nova
terapia, o material não é reabsorvido pelo organismo. "Alguns pacientes
já estão com quase um ano de evolução e os resultados são promissores.
Não ocorre absorção e as células injetadas parecem estar em
proliferação, corrigindo gradativamente a lipodistrofia", revela Chem.
"Teoricamente, o procedimento poderá ser utilizado em todas as zonas de
alteração no depósito de gordura. É possível até se pensar em correção
dos sulcos formados pela idade", complementa o médico.
quem é quem neste universo Células-tronco embrionárias: são extraídas ainda na fase de desenvolvimento, quando o espermatozóide une-se ao óvulo e forma o zigoto. são denominadas totipotentes, isso é, têm a capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula do corpo humano. As experiências com elas ainda estão em fase experimental, mas oferecem um enorme potencial de cura para doenças como leucemia, Parkinson, Alzheimer e diabetes. Células-tronco adultas: existem no interior dos tecidos maduros e são capazes de formar apenas alguns tecidos pela diferenciação celular - processo onde as células se "especializam" para realizar determinadas funções. Ou seja, sua capacidade de transformação é menor, mas, como são retiradas do próprio indivíduo, o risco de rejeição é baixo. |
Sem polêmica
No Brasil, cientistas e pesquisadores foram
respaldados após a liberação pelo supremo Tribunal Federal (sTF) das
pesquisas com células-tronco. Mas o uso das embrionárias esbarra em
questões éticas, filosóficas e científicas. O obstáculo é o método de
obtenção. em sua maioria, elas são extraídas de embriões congelados, que
depois são destruídos, isso gera manifestações contrárias de diferentes
setores da sociedade, como o grupo dos religiosos, que considera os
embriões como uma vida em formação, logo, sua destruição é vista como
aborto. Com as células-tronco adultas a história é outra! embora o seu
potencial de transformação seja mais limitado que o das embrionárias,
elas podem ser uma alternativa de uso na medicina. e, sem polêmica,
afinal, cada indivíduo pode ser seu próprio doador e receptor. no caso
das células de gordura utilizadas no estudo em questão, cada indivíduo
tem sua reserva pessoal (no caso, no tecido adiposo). Até mesmo os
magros. "Trabalhamos com material do paciente, ou seja, cada um de nós é
seu próprio doador e não é preciso estoque. Além disso, os tecidos
formados têm excelente qualidade, com características bastante jovens",
completa. esta é uma grande vantagem da nova terapia, analisa Humberto
Ponzio, doutor em dermatologia e professor da Universidade Federal do
Rio Grande do sul. "O fato de lidarmos com material biológico oriundo do
próprio indivíduo reduz o risco de rejeição, tornando os procedimentos e
os resultados mais naturais", afirma. então, essas células podem
realmente revolucionar a medicina estética? "Ainda é cedo para essa
afirmação, mas, uma vez que tenhamos domínio da técnica e segurança para
a aplicação, acredito que esta será a escolha em todas as situações que
precise de reposição de volume e/ou reconstituição de tecidos", conclui
Ponzio.
Corrigindo imperfeições
O uso de uma substância natural, não alergênica e
que, além de tudo, seja autorrenovável é o sonho de consumo tanto para
pacientes como para profissionais de saúde. no caso da cirurgia plástica
estética, a principal indicação é para os locais onde há perda de
massa. na face, por exemplo, ocorre mudança da distribuição de volume
com a idade, fazendo com que o rosto se mostre progressivamente flácido.
O uso de substâncias preenchedoras ou para repor volume pode corrigir
essas alterações. e o novo caminho aponta para as células-tronco. "Com
elas será possível restaurar os volumes faciais, melhorar a qualidade
das células vizinhas, e isso inclui a pele que a recobre, sem temor de
rejeição nem necessidade de testes", destaca Vitório Maddarena,
cirurgião plástico e diretor da Clínica Maddarena (sP). Para ele, o
método pode significar um novo caminho também para tratar celulite,
calvície, estrias e até mesmo determinadas cicatrizes. "A única
desvantagem é que precisamos colher as células de algum lugar, portanto,
é necessário intervir em duas áreas no mínimo, para tratar apenas uma",
pondera. e é sempre bom lembrar: as pesquisas estão em fase
experimental e cautela nunca é demais. shirlei Borelli, dermatologista
(sP), engrossa o time de especialistas que acredita nos benefícios da
nova terapia, mas prefere aguardar enquanto a comprovação científica não
vem. "Ainda estamos engatinhando em algumas áreas, como a da estética e
da dermatologia. As pesquisas que tenho conhecimento apontaram como
fator limitante o emprego de células maduras, que não teriam a mesma
velocidade de divisão celular que as células mais jovens. Acredito que
ainda precisamos observar melhor tal atuação", argumenta. Por enquanto, é
possível cruzar os dedinhos e torcer para que as pesquisas avancem e os
resultados comprovem que a capacidade de regeneração dos tecidos com o
uso de células-tronco adultas possa dar um up nos tratamentos estéticos.
e que num futuro bem próximo as experiências clínicas atuais se
transformem numa ajuda extra para amenizar os sinais do tempo. Ou,
ainda, ajudar a modelar as tão sonhadas curvas do corpo. É só aguardar!
Um dos temas que causaram maior alvoroço entre os profissionais presentes num Congresso de Estética, realizado na França, em janeiro, foi a apresentação do Valveta, um estimulador de colágeno que promove rejuvenescimento da face, utilizando as células extraídas do cordão umbilical dos bebês. Funciona assim: os fibroblastos (células que compõem o tecido conjuntivo e dão origem a vários elementos, como fibras e colágeno), com o decorrer do tempo, diminuem a sua capacidade de produção. "A proposta é substituí-los por células mais jovens, com metabolismo acelerado, no caso, o Valveta", explica Marcelo Bellini, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SP). Para tanto, o material é extraído do cordão umbilical de doadores neonatos, que possuem células com alto potencial de produção de colágeno, matriz extracelular (ácido hialurônico) e elastina. As células são retiradas, estabilizadas, testadas quanto à sua integridade e potencial metabólico e, por fim, multiplicadas em laboratório. Os estudos iniciais foram realizados com pacientes que apresentavam queimaduras graves. No local onde foi aplicada a cultura de fibroblastos, houve um processo de regeneração mais rápido, eficaz e com recuperação quase total da pele. Em outra pesquisa, para rejuvenescimento, cada pessoa recebeu três aplicações do produto, sendo uma ampola por sessão, e houve melhora de 75% do grau de profundidade das rugas, com duração de dois anos. Nesse caso, a aplicação foi feita na derme, diretamente na área a ser tratada: bigode chinês, rugas ou linhas da face, promovendo a melhora gradual da área através da estimulação de fibras elásticas. Os estudos estão em fase final, já contam com aprovação na Europa e estão em análise pelo FDA americano. Extrações, testes, conservação e todo controle foram realizados pelo Comitê Europeu de Tecidos Humanos, sediado na Inglaterra. Até o momento não há notícias de casos de alergias e /ou rejeições. |
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