Rejuvenescimento com radiofrequência: Efeitos baseados em evidências
(J Am Acad Dermatol 2011; 64:524-35)
Existem dois processos de envelhecimento que afetam a pele um clínico e outro biológico. O clínico é o envelhecimento intrínseco ou “relógio biológico”, que afeta a pele lentamente levando a uma degeneração irreversível do tecido. Já o envelhecimento extrínseco ou biológico, é conhecido como fotoenvelhecimento, descrito em 1986, como uma exposição crônica da pele aos raios ultravioletas.
As principais características do fotoenvelhecimento da pele ao nível histológico e ultraestrutural é o acúmulo de material elástico nas papilas e na derme média, um processo conhecido como elastose solar. O colágeno que corresponde a mais de 80% do peso seco da derme, torna-se desorganizado com um aumento da quebra e redução da formação em rede. Essas alterações contribuem para o aparecimento da flacidez e das rugas.
Durante muitos anos, muitos lasers e sistemas baseados na luz têm sido desenvolvidos e avaliados na sua capacidade de reverter o fotoenvelhecimento. Contudo, os lasers ablativos têm se tornado padrões na terapia de rejuvenescimento apesar dos efeitos adversos, do prolongado tratamento e do desagradável tempo pós-tratamento.
Assim, recentemente, tratamentos alternativos com lasers não-ablativos tem se tornado mais atraente. Eles são projetados para produzir alterações favoráveis na derme sem provocar lesões na epiderme. Contudo, a luz do laser pode sofrer difração, absorção, ou espalhamento, e somente uma pequena porção da energia emitida alcança o alvo de interesse. Consequentemente, os efeitos são proporcionalmente reduzidos.
Os equipamentos de radiofreqüência monopolar (RF) são diferentes dos lasers cosméticos, como produzem uma corrente elétrica antes da luz, a energia produzida não é sujeita a uma diminuição por difração ou absorção da melanina epidérmica. Como tal, sistemas de RF são apropriados para qualquer tipo de pele.
Terapias de radiofreqüência monopolar liberam calor uniforme em profundidades controladas das camadas dérmicas, causando contração direta do colágeno e imediato enrijecimento da pele. Remodelamento subseqüente e reorganização do empilhamento do colágeno e formação de novo colágeno é ativado meses depois do tratamento.
O objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos e quantificar histologicamente as respostas faciais da pele quando submetidas a tratamentos com RF monopolar e tratamentos não ablativos de fotoenvelhecimento, e avaliar se múltiplos tratamentos podem melhorar o efeito clínico.
Avaliação Clínica
Os voluntários mostraram clara melhora na testa e região periorbital (Fig.1 A). As fotos mostradas foram tiradas antes do tratamento, ao término e três meses depois.
Ao término de cada etapa os voluntários, dois médicos e dois observadores independentes foram questionados a avaliar os seguintes critérios: melhorias das rugas, firmeza da pele, textura e satisfação do voluntário. As avaliações foram dimensionadas em uma escala de cinco pontos (nenhuma= 0%; leve= 1-25%; média= 26-50%; boa = 51-75%; excelente= 76-100%).
Os resultados podem ser mostrados na Fig. 1B, os dados foram analisados pelo teste de χ2, sendo estatisticamente significantes em todos os critérios. Efeitos colaterais podem aparecer como eritrema, edema, hipo ou hiperpigmentação. Em apenas um voluntário houve desenvolvimento de eritrema leve com hiperpigmentação moderada dois dias depois da quarta sessão voltando à normalidade após cinco dias (Fig. 1C ).
Avaliação Histológica
Na Fig.2 são mostrados: a hiperplasia epidérmica, com aumento da espessura (tabela II), desenvolvimento de ondulações na junção dermo-epidérmica e aumento da espessura da camada granular ao término do tratamento, que continua três meses depois do tratamento.
Quantificação da elastina na derme
O fotoenvelhecimento da pele aumenta a quantidade de uma proteína conectiva chamada de elastina, que anormalmente acumula-se sob a epiderme. Após o tratamento com RF houve uma diminuição leve do acúmulo de elastina sendo mais pronunciada após três meses (Fig 3, A ).
Estes resultados são confirmados quando foi atribuída a área percentual da derme ocupada por elastina usando uma análise morfométrica computadorizada. (Fig 3, B).
Com outro tipo de coloração (Verhoeff-van Gieson) foram confirmadas as mudanças do conteúdo de elastina (Fig. 3, C ). Essa coloração é útil na diferenciação do tecido elástico (azul-preto) do colágeno (vermelho). As fibras elásticas (mostradas em preto) diminuem após o tratamento retornando ao conteúdo normal dentro derme papilar e reticular.
Avaliação das mudanças de colágeno na derme
Avaliação do colágeno por coloração imunocitoquímica (Fig
Para confirmar se o aumento do nível de colágeno observado pela imunocitoquímica foi resultante de nova síntese de colágeno, o tecido foi corado por vermelho de picrosirius. O resultado é refletido pela presença da birrefringência de amarelo-laranja, que aumentou significativamente de 15,5 para 21,7% no final do tratamento e três meses pós-tratamento alcançou 26,9% (Tabela III and Fig. 5).
Em conclusão, a RF é um procedimento efetivo e válido que pode ser usado para o enrijecimento da pele e rejuvenescimento facial dos danos causados pelo fotoenvelhecimento. Essa modalidade estimula o processo de reparo e reverte os sinais clínicos e histopatológicos da idade, com a vantagem de ser um procedimento relativamente de baixo risco e pouco tempo gasto com repouso pós-procedimento.